Porque te queixas?
Esta reportagem publicada no DN on-line de 05.04.06 é...Fantástica, representa muito daquilo que pensamos mas não dizemos...Vamos todos mudar nem que seja só um bocadinho????
A propósito do lançamento em Portugal de um livro da psicóloga espanhola Maria Jesús Álava Reyes, a Notícias Magazine de domingo passado fazia uma declaração solene na capa: "Já chega de andar com o mundo às costas." E lá dentro, Catarina Pires explorava os universos de A Inutilidade do Sofrimento, um livro que foi best-seller em Espanha e é bastante útil à mentalidade portuguesa.
Na verdade, a nossa maior especialidade - juntamente com o clássico "desenrasca" - é a queixa. A lamúria. O desfiar do rol das desgraças que sempre nos impedem de dar um passo em frente. "Muitos ais". Muito pouco "mais". Andamos com o mundo às costas mas... não fazemos nada com ele. Limitamo-nos a carregá-lo com sofrimento, pena de nós próprios e um evidente sentimento de injustiça.
Curiosamente, no entanto, apreciamos aqueles que não afinam por este diapasão. A popularidade de José Sócrates deve-se, em boa medida, a uma atitude "empreendedora" do Governo e do seu líder. Há muito tempo que não víamos tanta iniciativa. Não me lembro de ler Vasco Pulido Valente elogiar um Governo como o fez na sua crónica do Público - com as salvaguardas óbvias e os avisos prudentes... - e o mais pessimista dos nossos cronistas não está só. Parece que, da crise, emergem paraísos inesperados.
Como a nossa mania das lamúrias é uma doença endémica, entusiasmamo-nos com atitudes como a de José Sócrates, mas mantemos a reserva em relação a nós próprios e não perdemos o olhar desconfiado: "não deve ser bem assim", adoramos dizer. Olhamos o país sempre de fora, como se não fizéssemos parte dele. E essa é a nossa condenação.
No dossier da Notícias Magazine encontrei um provérbio chinês que deveria estar colocado em todas as repartições públicas (ao lado do Simplex, claro...), em todas as casas de Portugal, nas lapelas dos casacos, nos vidros dos carros, talvez até mesmo em permanência nos rodapés das televisões. Diz assim: "Se tem remédio, porque te queixas? Se não tem remédio, porque te queixas?"
Assim, com a irónica serenidade oriental, ali estão as duas perguntas que nos devem ser colocadas diariamente. Repetidamente. Até à exaustão. Só pelo cansaço venceremos os nossos eternos complexos. Eu, por exemplo, já estou cansado de ouvir queixas. De me queixar. E no fim deixar andar...
"Porque te queixas? de Pedro Rolo Duarte, in DN online "
1 comentário:
depois do desenrasca, ainda vem que podia ser pior, pq se morreu podia ter ficado anos a sofrer, pq se ficou entrevadinho podia ter morrido!!! e realmente pa acabar em beleza somos realmente uns coitadinhos cheios de pena de nós próprios!!! AH Tugas, tugas... assim ñ vamos longe ñ... temos q começar a tentar mudar pelo menos um cadinho!!!
eu prometo q vou tentar
Enviar um comentário