A Viagem...

segunda-feira, janeiro 30, 2006

O Jogo dos outros...

Continuando a falar de futebol, neste fim-de-semana jogou-se o grande Derby de Lisboa, desta feita caiu para o lado do meu Sporting, que jogou bem, tão bem que arrisco mesmo a dizer que foi o melhor jogo desde que Paulo Bento se tornou treinador. A rivalidade entre os adeptos destes dois clubes roça o fanatismo, temos mesmo mais fervor clubístico que pela selecção nacional.

Ser do Sporting é mesmo ser diferente, julgo que existem outros como nós, que sofrem e que são tão ou mais devotos do seu clube em todos os momentos, os do Atlético de Madrid, que como o Sporting não atinge vitórias mas sim quase-vitórias, mesmo quando passou pela segunda divisão espanhola tinha o seu estádio sempre cheio, um adepto do Atlético de Madrid disse à FourFourTwo, revista inglesa que efectuou uma reportagem sobre o derby Madrileno, “O Real é a Disney, O Atlético é mais autêntico, mais frustrante, mais sobre esperança e emoção…é lindo, horroroso e ternurento”, eu apoio-me nessas palavras e revejo-me sempre como um sofredor de mãos gastas que a cada final de campeonato diz …”Pró ano é que vai ser”. Tal como o Atlético, o Sporting é o terceiro clube mais bem sucedido do país, mas a felicidade desse estatuto dilui-se na própria palavra “terceiro”, onde nos custa admitir que não somos nem maiores nem melhores que o Benfica e o Porto, no centenário do Benfica, cantou-se “We Are The Champions”, no do Sporting, devia cantar-se “You Can’t Always Get What You Want”.

Mas esta realidade é dolorosa e já apelidaram os Lagartos de Sofredores, em Espanha o mesmo se passa como o Atlético, mas que num golpe de génio fez com que tudo se invertesse e começou a rir-se de si próprio, transformou o peso do fracasso numa maneira de estar, a auto-ironia numa cena muito própria dos “Colchoneros”, e tudo mudou. Recordam-se dum irlandês que fugazmente passou na série Seinfeld, onde na ânsia de ser reconhecido como judeu, dizia “Foi o sentido de humor que permitiu ao meu povo sobreviver durante estes cinco mil anos”, temos que rir em vez de chorar, só assim o desporto tem sabor.

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